Eduardo Gonçalves Poesias

E na imundice eu plantei rosas... ...todos os dias antes do pôr  do sol eu já estava lá acreditando estar dedicando o suficiente, mas água e fertilizantes não bastam... ...não cerquei, não arranquei as pequenas ervas daninhas, afinal, que terreno baldio não tem ervas daninhas? Quando percebi, eu estava alimentando aquelas ervas daninhas e elas cresceram, e ficaram fortes e as rosas, as rosas nem chegaram a florescer... E assim como o péssimo jardineiro que sou, também tenho tentado cultivar amores da forma errada...

Sentado na cama, encostado na janela, la fora a tempestade caindo, vento forte, arrancando árvores... ...aqui dentro meus olhos molhados pelas lágrimas que teimam em rolar. Estou triste, dói, mas eu sei que essa tempestade vai passar tanto lá fora como aqui dentro... ...e quando ela passar, todo o lixo que estava pelo caminho terá sido levado e tudo aquilo que não estava firme terá caído e desfeito... ...porém, enquanto ela não passa, sozinho, no frio desse vazio tento lembrar quão bom são os dias de sol... Ficará marcas, assim como aquelas árvores velhas que estão ao chão, com suas raízes retorcidas quebrando as calçadas... ...mas eu sei que nada como o tempo para tudo ficar bem...